(Lembranças de uma vida)
Muitas vezes quis esmigalhar o cérebro do mundo que habito eu
Para não mais pensar não mais ser esse acumulo de veículos que dificulta o trafego
Das correntezas que se misturam no ato de confundir consciência de si mesma
Por não estar de acordo concordo por habitar-me no inferno dos meus sonhos
Ao conferir a conformidade estabelecida que tem a mesma forma dos meus pesadelos
Perco-me de vez em quando em sonhos reais e envio tropas para apartar-me
O que depende por que os sonhos se misturam com a realidade e ao despertar
Percebo que o céu e o inferno se confundiram num mesmo transito
Eu tento roubar meu passado das trevas e resgatar minha história no futuro
Para que o presente não exista o passado meu inferno
Meu possível existir é a negação da existência da subsistência
É como se ao passar pelas minhas veias ao invés de sangue seja
O destino da sucessão de fatos que podem ou não ocorrer
E assim caminha a humanidade desterrada no atoleiro do mundo
Queria eu ser um registro de lembranças canto de honra da divindade
Poesia cantada dividida em estrofes cantiga suave ou monótona
Lembranças de uma vida devastada pela historia que não quis
Ou mesmo a historia que se mistura com o eu imaginário desse caminhar
E que ao me repetir me assisto criando as armadilhas do destino
Perco as cascas e embaraçado desconfio do que é normal
Minha vida se repete com os dias de minha morte
Minha morte ocorreu no dia do meu nascimento
E ao tirarem-me todas as forças assisto com natureza divina o ser
Ou descuido-me para livrai-me das preocupações de um cérebro habitado
Em diferentes destinos lugares acasos e descasos
Aquilo que dividirei neste mundo uma dor real e que não pode ser hereditária
Não pode se confundir com o ato efeito de moer a arte e técnica que desenvolve a memória
Numa sucessão de sons simples num intervalo diferente mas
Que tenha um certo sentido de som de ser e viver
(Viviane Neres -2010)